memorial covid-19 fiocruz


arquitetura
arthur andrade, eduardo westphal, estela camillo, igor de march, joão serraglio, louise serraglio, marcelo regueira , miguel mincache


estado | concurso
projeto | 2024
local | rio de janeiro, rj


desenhos


memorial descritivo

o que cabe a um/em um memorial

Se faz do espaço um lugar de memória porque a história pede essa reverência, esse espaço de luto e também de desafogo, que persiste porque se manter na memória é um direito e é brutal a tentativa de apagá-la. Emerge a questão de como se traduz uma tragédia de dimensão nacional espacialmente em um espaço finito - um terreno:

Entre o chão e o céu e a copa das árvores, o que faz daquele terreno um espaço de memória?

O espaço do memorial, uma clareira, dedicado à memória da tragédia da pandemia de COVID-19 no território brasileiro. Neste terreno, emerge um espaço destinado à persistência de uma lembrança, de um luto e sentimento reticente de vitória e celebração da vida, um espaço que demonstra a ambiguidade do sentimento que permanece. O terreno é um lugar de memória porque dele nós o significamos, onde, pela suspensão do tempo exterior, as emoções podem ser vividas e coletivizadas.

O objeto é inaugurado vazio, o volume que o preenche é feito de elementos escultóricos espalhados pelo terreno e é aberto o convite ao visitante para a construção do memorial. As peças fazem referência a componentes de molhes - objetos escultóricos pré moldados presentes nas paisagens litorâneas que trabalham permitindo a construção de uma enseada artificial ao distribuir a energia das ondas.

As peças podem ser carregadas por uma pessoa, pois são constituídas de concreto com agregado leve, preferencialmente de origem de reuso. Sua moldagem é feita em fôrmas metálicas, com uma tampa na extremidade menor fixada por meio de pinos com cunhas, que pode ser removida para facilitar a desmoldagem. Esses elementos agregam uma dimensão temporal e colaborativa para a obra, manifestam o luto compartilhado e a reconstrução coletiva e possível.

É um gesto conceitual, da construção do objeto surgem também escavações. Mudar “terra” de um lugar para outro - algo se constrói e algo se descobre, se redescobre o território e a própria memória.